Imagem cortesia de 88 Rising | Team Wang | Drive Studios | Synapse VP

Jackson Wang, sensação das paradas musicais, mergulha na produção virtual em um videoclipe turbinado

18 de maio de 2023
Paisagem urbana pós-apocalíptica, cenas de luta acrobática e poderes incendiários. Isso não é a descrição do último blockbuster hollywoodiano. Estamos falando dos nossos momentos favoritos de Cruel, o mais recente videoclipe de Jackson Wang no qual vemos como a produção virtual pode dar um visual de peso para uma canção pop.

Já não estamos mais nos idos gloriosos da MTV e das gravadoras que despejavam rios de dinheiro nos conceitos de videoclipe mais extravagantes. Mas artistas vanguardistas como Wang ainda sabem encontrar maneiras de intrigar os nativos digitais no campo das canções de peso.
 

Não é preciso ser especialista no assunto para perceber que Wang quer tudo bem-feito. De sucessos pop redondinhos a performances eletrizantes ao vivo, seu olhar criativo está em tudo que ele faz. Isso se mostrou no momento da criação de seu último single. Wang se preparava para o Coachella 2023 já com um conceito definido em mente, cheio de poder incendiário e sequências com dançarinos de ar demoníaco.

As instruções criativas foram parar na mesa de Rich Lee, diretor experiente em efeitos visuais. Conhecido por seu trabalho com Billie Eilish, Eminem e Rihanna, Lee é um cineasta de alto calibre. Mas mesmo um diretor escolado como ele percebeu que Cruel não seria brincadeira de criança.

"Do ponto de vista de orçamento e cronograma, não era possível filmar localmente", conta Lee, que também é diretor criativo na Synapse Virtual Production. "Precisávamos controlar o ambiente e a iluminação, coisas que os métodos tradicionais nem sempre possibilitam."

A única solução foi o fluxo de trabalho de produção virtual criado na Unreal Engine. Lee e sua equipe tiveram a sorte de conseguir terminar um palco de produção virtual para concretizar a visão de Wang com a maior qualidade possível. Porém, Wang e sua equipe não ficaram empolgados desde o início.
 

Prova de confiança

Cruel era o ponto originário da nova era na carreira de Wang, parte do ciclo do álbum Magic Man, e precisava causar impacto. Com poucas semanas para realizar tudo, havia motivos para duvidar da adoção de uma tecnologia que os artistas envolvidos nunca tinham visto antes. Haveria problemas com a iluminação LED de fundo em relação aos movimentos de câmera? Como ficaria a interação com a coreografia? O resultado final seria convincente, considerando-se o tempo limitado para criar os ambientes virtuais encomendados?

Mas foi só o artista entrar no set para que todas as soluções aparecessem. Tendo uma parede de LED de 55 pés (16,7 metros) de diâmetro e recheado de sujeira e escombros, o palco deu aos artistas e à equipe de produção algo próximo das tomadas finais em tempo real. Sem contar que o ambiente digital exibido em tela girava 360 graus sem perder qualidade alguma. O palco se mostrou tão imersivo que afetou positivamente até a performance do artista.
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"Houve diferentes reações dos artistas se comparado com o uso do chroma-key", conta Louise Baker Lee, produtora executiva de Pré-vis/VAD/Efeitos Visuais na Synapse Virtual Production. "Bailey Sok, a rainha-demônio, confessou a enorme diferença vivenciada por se sentir parte real desse mundo criado. Satisfação imediata como essa não existe com o software e os pipelines tradicionais. Para mim, seria a glória nunca mais ter que trabalhar com chroma-key."

Com o fundo digital já instalado, Lee e o diretor de fotografia Christopher Probst, ASC não precisavam filmar segundo o orçamento alocado para composição e efeitos visuais. Por isso, tiveram números ilimitados de tomadas e fizeram a equipe improvisar e descobrir imprevistos fortuitos que não aconteceriam de outra maneira. Com um toque de botão, tudo era possível, até mesmo reorganizar elementos do fundo digital.

"É possível improvisar", comenta Probst. "O ambiente inspira os artistas. Eles passeiam nele e comentam, 'Nossa, como ficaria pulando daqui? Isso seria irado.' Ou 'Eu queria poder pegar esse adereço.' O que eles fazem é reagir e se envolver com o ambiente de um jeito absolutamente diferente do trabalho feito no limbo do chroma-key."
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Montando o palco

De muitas maneiras, a produção virtual é um retorno à essência clássica da cinematografia. Probst vê seu novíssimo estúdio como uma progressão lógica dos fundos pintados de O Mágico de Oz, da projeção de fundo de Intriga Internacional ou das pinturas foscas de Star Wars. Para que juntar os elementos na pós-produção em seus mais intrincados detalhes se é possível resolver tudo antes de filmar?
Lee e a equipe do Departamento de Arte Visual (VAD) da Synapse levaram uma semana para criar o ambiente pós-apocalíptico de Cruel, já prevendo e resolvendo problemas potenciais na edição bruta antes de realizar uma segunda filmagem. Na semana posterior começaram as filmagens e, ao fim do primeiro dia, a equipe já tinha uma edição com qualidade final de quase 90%.

"Normalmente, levaríamos dois meses com pós-produção, observando composições, fazendo anotações e revisando o processo todo antes de conseguirmos algo que ficaria próximo de 75% da qualidade final se comparado ao obtido com a filmagem em um palco de produção virtual."

A criação do ambiente urbano em ruínas de Cruel fez com que Lee e a equipe abraçassem a arte da modelagem, combinando peças de vários modelos 3D para criar novos designs. Nada de novo para a equipe de produção: como isso é um aspecto-chave do trabalho de efeitos visuais, mesmo nas tomadas tradicionais seria necessário construir os sets com elementos de diferentes locais ou itens de lojas de adereços.
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Mas desta vez a equipe tinha a opção de usar a Loja da Unreal Engine e sua biblioteca gigantesca de ativos para trabalho 3D com personagens, plugins, Blueprints, animações e muito mais. "É um excelente recurso para adereços, ambientes e coisas como fogo e atmosfera", conta Lee. "Acessamos a Loja para conferir elementos diferentes, adicioná-los aos nossos arquivos e colocá-los com facilidade na Unreal Engine. Deixamos tudo funcionando em um ambiente lindo e com pouquíssimo trabalho. Nós nos divertimos demais decorando o espaço e testando diferentes combinações. A satisfação foi imediata."

Com a ambientação externa, fogos e outros aspectos, o foco de Probst fixou-se na questão da iluminação. A iluminação da tela enorme de LED gerou o nível-base de exposição para os rostos cobertos de carvão dos artistas. Junte-se pedaços de seda branca iluminados de baixo e esvoaçando impulsionados por um ventilador para simular chamas no chão do estúdio e temos o método que a equipe pegou emprestado da atração dos Piratas do Caribe da Disney. Um método surpreendentemente convincente, vale ressaltar.
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Probst só precisava responder à física da iluminação do palco, orientando o operador da Unreal Engine no set a inserir cards de iluminação para que Probst ajustasse instantaneamente a direção, o brilho e a cor. Da última vez que Probst usou seu talento em um videoclipe pós-apocalíptico, ele precisou de um sistema de iluminação montado em uma grua enorme para criar uma fonte de luz.
 

LED, câmera, ação!

Todo cantado e dançado, o videoclipe de Cruel precisava ser complementado por uma coreografia complexa e movimentos fluidos de câmera. Como tudo se passa nos escombros de uma cidade, é preciso observar a escala do ambiente em torno dos artistas em relação à câmera.

A equipe de engenharia da Synapse Virtual Production criou um palco volumétrico com transição impecável entre painéis de LED de parede e painéis de teto. Ou seja, Probst podia inclinar a câmera para mostrar a escala real das gigantescas torres nucleares de resfriamento vistas nos momentos de clímax do vídeo.
 
Imagem cortesia de 88 Rising | Team Wang | Drive Studios | Synapse VP
E a equipe não deixou de aproveitar todo o potencial do estúdio. A tomada de abertura do vídeo mostra Wang pulando sobre a câmera antes que Probst a inclinasse rapidamente. Para as sequências de dança, Lee e Probst usaram tomadas de câmera portátil para chegar bem perto da ação e mostrar a complexidade das performances.
 
Cortesia de 88 Rising | Team Wang | Drive Studios | Synapse VP

Nessa batalha dançante e definitiva, a rainha-demônio ergue Wang no ar. Normalmente, os artistas seriam levantados por um cabo. Mas essa solução não seria possível em um palco de produção virtual com quase 8 metros de altura.

Lee e a equipe preferiram construir uma mesa giratória para colocar os artistas. Empunhando a câmera, eles filmaram os atores com a mesa girando, e os operadores da Unreal Engine moveram o ambiente para baixo digitalmente, criando a ilusão de que os artistas estavam no ar. Obter tal efeito foi possível calculando-se exatamente o número de rotações por minuto que a mesa giratória precisaria ter para ficar convincente. Munidos dessas informações, eles alinharam os movimentos do ambiente da Unreal Engine com precisão.

Além de ser uma solução singular, isso resultou em um efeito convincente e poupou tempo e dinheiro a toda a produção. Poupou-se o custo de contratação de uma equipe de dublês para operar os cabos, e não foi preciso pintar os equipamentos pesados na pós-produção.
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O futuro é virtual

Mesmo com certa preocupação, Wang mergulhou de cabeça no processo de filmagem em um palco de produção virtual, não escondendo sua emoção com os resultados. "Um pouco depois de Cruel, recebi uma mensagem de texto do Jackson dizendo, 'Oi, vamos fazer mais um? Vamos fazer outro vídeo todo em produção virtual.' Ele amou o resultado."

Outra pessoa convencida pela tecnologia foi o editor de Lee, que desconhecia o fato de que Cruel seria filmado em um fluxo de trabalho de produção virtual. Lee decidiu não comentar e simplesmente entregou os HDs, sabendo que o editor praticamente não conhecia a tecnologia e suas capacidades. "Recebi um telefonema com a pergunta: 'Como vocês fizeram isso? O que é que eu estou vendo aqui?' Ele não acreditava que tínhamos orçamento suficiente para criar os elementos visuais, muito menos para tê-los à disposição de imediato."

Cruel foi um sucesso tremendo, e Wang partiu de novo para o palco de produção virtual com a equipe de produção para criar o clipe do single Come Alive, este ambientado em um parque de diversões cyberpunk distorcido.
 
Cortesia de 88 Rising | Team Wang | Drive Studios | Synapse VP

"Temos tantas possibilidades na produção virtual que só consigo pensar que ela chegou para ficar. Ela cria e democratiza novas oportunidades de narrativa e oferece paradigmas de produção de baixo custo porque, por exemplo, podemos criar uma cabine de espaçonave detalhada com o mínimo de recursos ou criar uma versão em menor escala com um simples monitor de 72 polegadas atrás da cabeça de alguém. É incrível como podemos fazer qualquer coisa."

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